quinta-feira, 31 de março de 2011

DADÁ FIGUEIREDO


Dávio nunca imaginou que seria um ícone. A paixão pelas ondas era ingênua. O que ele queria era apenas surfar. Não importa se fosse numa monoquilha toda torta, feita por ele, enquanto os também surfistas parafinados da praia que freqüentava usavam os foguetes da Aloha ou Trop.
Ele não esperava as series como os metidos locais insistiam, surfava o que aparecia, não se importava com nada, apenas em estar na água. Sua galera era a dos discriminados, a patota da Tijuca, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, a apenas 40 minutos da tão bela e falada Barra. Até que uma turma local o convenceu de que seu talento poderia render dividendos. Ele agora faria parte de uma equipe, e seria domado, até uniformizado. Foi para um grande evento em Florianópolis e saiu de lá como o fenômeno. Pena que tornou-se um dos parafinados, que tanto criticava. Suas roupas coloridas, da marca que explodiu junto com ele, não condiziam com seu espírito rebelde ou podemos dizer único. Seu surf era uma forma de se expressar, com as manobras loucas, radicais, modernas. Sim, ele estava à frente de nosso tempo. Nós, apenas humanos, é que não nos tocamos que o futuro esteve diante dos nossos olhos, o tempo todo, na forma divina de Dadá.
Tentando ser alguém que não era, Dávio voltou de uma trip na África do Sul diferente. Não usava mais as roupas coloridas. O preto, o dark, o negro eram sua nova, ou quem sabe, real mensagem.
As atitudes irreverentes, o corte punk e as drogas pareciam ser a passagem para a liberdade que ele tanto procurava. Não eram. Longe disto. Ficou cada vez mais aprisionado.
Perdeu seu momento, sua juventude, quase virou pó.
Só que os grandes sabem aproveitar as oportunidades e ele se tornou um exemplo.
Aquele que não era levado a serio passou a dar lições de vida. Pai de família, marido, professor, pastor, assim é Dadá Figueiredo, um cara simples, bacana, feliz e livre.
A tal cobiçada felicidade só veio depois que ele conseguiu se descobrir e colocar para fora todos seus medos assumindo para si que fazer o que deseja não significa ser contra as regras e normas da sociedade. Seguindo seu precioso intimo ele pode recomeçar sua vida, muito mais consciente da dádiva que lhe foi concedida, sentindo um enorme prazer de passar para as puras crianças o gostoso ato de surfar.
O cisne negro do surf brasileiro se transformou num magnífico modelo de como é importante fazer o que se gosta, seguir os instintos e tentar ser o mais verdadeiro possível com o seu lado interior.
Dadá Figueiredo nunca quis ser estereotipo de nada, mas acabou sendo o ídolo dos oprimidos, da necrose social, e agora, dos seus alunos. Fonte: (Revista Fluir nº 288 – http://www.fluir.com.br/).
Informativo nº 94
Wave tools surf consertos (51) 8411-2753

Nenhum comentário:

Postar um comentário